Espelho de Vênus

O que adoro mesmo são teus olhos vagando na preguiça do teu olhar.
Olhar pra nada. Nadar na noite. Foices que um dia hão de se enferrujar.
O que nao gosto mesmo é da tua ausência. Essência estranha do tamanho da minha saudade.
Vontade de fazer o que ainda não fiz sequer tentar.
O que abuso mesmo é do teu batom botando um bocado de beijos em minha boca.
À beira de subir ao sétimo céu. Estrelas que uma dia hão de se apagar.
O que não gosto mesmo é desse muro esmurrando minha cara toda vez que eu penso.
Só por querer te fazer mais amar. Mar que um dia há de se evaporar.
O que detesto mesmo é tua arrogância. Na ânsia de deixar quem te ama na agonia do agora perder a esperança. Perder a esperança.
O que eu mimo mesmo é tua fértil imaginação quando não te limitas a pensar que tudo é obra do acaso no ocaso de uma vida mais vazia, mais vadia, mais vazia.
Enquanto os homens se armam com foices, as estrelas ganham vida e formam a noite.
O que detesto mesmo é tua arrogância. Na ânsia de deixar quem te ama perder a esperança. Perder a esperança.

Emanuella Saraiva